terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Um caso de amor

Eis que chego hoje em São Paulo, às 7h da manhã, um dia após o feriado de aniversário da cidade. Como sou mais perdida que peido em bombacha de gaúcho (by Amanda), ainda mais se tratando de São Paulo, resolvi pegar um táxi. Adoro conversar com taxistas.
Nem saímos da rodoviária, o trânsito já estava parado. Além da volta pra casa dos paulistanos + horário de rush, parece que fecharam uma avenida para obras e aí, segundo o taxista, o fluxo de carros aumentou em 40%. E ele começou...
- Não tem mais jeito, quem não vê? São seis milhões de veículos nessa cidade! Um caos! Rodízio? Quem acredita? É só o cara ser melhor de vida que logo já tem dois carros na garagem. Mas também, com esse sistema de transporte público...
Com tempo de sobra dentro do carro parado, foi me contando a história da cidade, dos prefeitos, dos locais que passamos.
- O rio era todo curvado, aí o prefeito ‘tal’ canalizou, deixou tudo reto e sem espaço pras margens e olha só, chove e alaga. Agora não tem mais jeito, tem que ficar assim!
Passamos pelo o que ele me apresentou como o centro antigo.
- O centro morreu. É só violência hoje em dia. O outro esperto, prefeito ‘tal’, fez um monte de calçadão, aí os carros não têm onde estacionar e acabou com comércio e restaurantes daqui.
Contei que vinha de Florianópolis.
– Ah, já fui lá uma vez buscar um carro que tinha sido roubado aqui. Todo mundo bem atencioso, me levaram até o local, me ajudaram. Aqui é diferente. Aqui eles dizem ‘se vira!’. Sabe como é, ninguém quer perder tempo com você.
Quando finalmente ele parou pra respirar do desabafo, eu comentei.
-Nossa! Mas eu vou ficar aqui só um mês e...
-Um mês? – ele interrompeu – Ah, você não vai querer ir embora! Essa cidade é ótima! Uma vez tive que trabalhar em outra cidade, mais ao norte. Mas, graças a deus, me trouxeram de volta depois de seis meses! Mas é que eu sou um cara de sorte. Já tive dois infartos e tô aqui ainda. Amo essa cidade.

***

Antes de eu ir embora, com a conta do táxi arredondada pra baixo, ele contou:
-Uma vez levei uma garota pra fazer uma prova de trainee pro jornal Folha. E não é que ela passou? Viu, eu dou sorte.

Tomara.

Um comentário:

Prisca disse...

Me passa o contato desse taxista aí!